Slideshow

terça-feira, 2 de abril de 2019

DE UM LÍDER PARA O OUTRO (Um papo esclarecedor sobre perfis de lideres de jovens e adolescentes)

Já fazem alguns anos em que venho pensando muito sobre o que de fato é “ser líder de jovens e adolescentes”, refletindo sobre a real missão do líder nessa jornada no Reino de Deus, orientando os seus liderados para mais perto de Cristo.

Nesses anos observando líderes e conversando com muitos deles, percebi que a maioria ainda não entende para o que foram chamados e como irão atuar com e para os seus liderados, ao me incluir nesse grupo de líderes, segui as orientações de Jesus através do apóstolo Paulo, quando diz: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo” ( 1CO 11.28).

Em minha pesquisa, identifiquei que atualmente existem pelo menos quatro tipos de líderes, são eles:

Líderes proativos, líderes sem experiência, líderes que não atuam como líderes e líderes cansados.

Desses quatro grupos de líderes, eu destacarei os três últimos que são mui preocupantes, tendo em vista as demandas dinâmicas que surgem a todos os momentos no meio da juventude.

O líder sem experiência

O líder sem experiência, dos três, é o mais fácil de ser trabalhado, pois, entrou a pouco tempo e necessita apenas de direcionamento e esclarecimento sobre a sua função.

Os primeiros passos de um líder o dará base para que tipo ele se tornará, se será um gerador de eventos grandiosos ou um gerador de novos líderes.

A base de formação do novo líder é muito importante para identificarmos que tipo de visão ele tem sobre a liderança de Jovens e Adolescentes, sendo assim, como foi influenciado, ele passará adiante essa visão, seja ela correta ou não, caso não tenha a devida instrução e direcionamento no início de sua jornada como líder.

Em agosto de 2018 a Rede de Pesquisa e Soluções do DEJAD/RN (Departamento de Jovens e Adolescentes a Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte) realizou um Censo para os líderes de nosso estado, onde apuramos que se incluirmos os pesquisados desde 1 mês até menos de 2 anos avoluma-se para 57%, o que nos faz acreditar que é uma liderança em processo de crescimento e aprendizado.

Um dos problemas comuns no meio desse grupo de líderes é o fato de acharem que não necessitam de capacitação ou simplesmente não sabem onde procurar, dessa forma, entram em um “beco sem saída”, onde não enxergam as reais necessidades do seu grupo.

Dentro desse mesmo nicho, existem aqueles que entraram a pouco tempo como gestores de Jovens, mas já entendem que necessitam de uma capacitação adequada para o exercício de sua função.

Josué ao ser chamado para liderar os Hebreus entendeu o peso de sua responsabilidade e agarrou a causa com todas as suas forças, se impondo em meio aos seus novos liderados, não apenas se consagrando, mas de igual sorte a sua família quando declara a todos “Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24.15). Além de uma base forte e cheia de DEUS, Josué havia entendido o seu chamado e porque foi chamado.

Quando o líder entende o propósito de sua missão, suas energias, foco, linguagem e amor estarão direcionados a cumprir sua meta estabelecida por DEUS.

É como diria Antônio Vieira:

“O amor fino não busca causa nem fruto. E não pode haver mais fino nem mais provado

amor que aquele que entrega o coração e fecha os olhos. Entregar o coração com os olhos

abertos é querer a vista por prêmio do amor; entregar o coração com os olhos fechados é

não querer no amor o prêmio da vista.” (Padre Antônio Vieira - Sermões)


A única maneira de um novo líder identificar não só a sua missão, mas também a forma e/ou metodologia que ele usará para cumprir a sua tarefa é a oração e busca ao nosso DEUS. Não existem técnicas, existe entrega, não existem fórmulas, existem lágrimas, não existe vencedor se não estiver disposto a vencer a dor.

Líderes que não atuam como líderes

Esse grupo de líder é o mais preocupante para os liderados, pois não está pela causa, mas sim pelo cargo, filosofia essa errada e que aos poucos está sendo erradicada em nosso meio, porém, ainda existem casos e que precisam de uma atenção especial.

Em 2014, o site “It Forum 365” publicou uma matéria sobre uma pesquisa realizada pela Oxford Economics, com apoio da SAP. Segundo o site, o estudo analisou a opinião de mais de 5.400 funcionários e funcionários e executivos, além de 29 diretores em 27 países, incluindo Brasil. O estudo revela que a inexistência de liderança adequada é apontada pelos executivos como o segundo maior entrave para se construir uma força de trabalho capaz de alcançar metas traçadas para o negócio. E o reflexo disso é alarmante: quase metade dos entrevistados declara que seus planos de crescimento na empresa são dificultados pela falta de acesso aos líderes corretos, afirma o estudo.

Quando levamos esses dados para o nosso meio de atuação, vemos que não está muito fora de nossa realidade, uma vez que os nossos liderados não escolhem seus líderes como suas referências; esse tipo de “desmotivação” tem se agravado de tal forma que muitos líderes que atuam hoje, onde 50% dos líderes do Rio Grande do Norte não ansiavam atuar como líderes, segundo aponta pesquisa feita durante o nosso Censo em 2018.

O caminho para um verdadeiro líder é cheia de espinho e de obstáculos, para aquele que entrou pelos meios e/ou motivos errados, jamais conseguirá passar se não tiver a devida ajuda ou muito menos entenderá sobre o seu chamado ou missão como líder.

Saul, como primeiro rei de Israel, iniciou “com o pé direito”, levando o seu povo a triunfos e glórias diante de outras nações; era sem dúvida um homem escolhido e ungido de DEUS, porém, após cometer alguns deslizes e tropeços, viu seu reinado entrar em sua reta final com o surgimento de Davi e pelos feitos que aquele jovem realizava, onde não só chamava a atenção dos seus liderados, como também de seus inimigo. Essas circunstâncias fizeram Saul perder o foco e o propósito, deixando de lado o que era mais importante para um líder que é agir com a direção de DEUS.

Características como arrogância, prepotência, insensibilidade e falta de direção, potencializam esse líder como um risco eminente para os seus liderados.

No clássico livro de liderança O Monge e o Executivo é possível entender melhor a obrigação do líder:

“O líder não é para ser servido e sim para servir, sim! Servir à sua equipe, 
dar apoio, conduzir;” (O Monge e o Executivo, 1998).

Ainda nesse grupo, existem aqueles que agem dessa forma, pois, foi a forma que aprendeu a liderar, esse líder foi formado em um “colegiado” de líderes sistemáticos, que utilizam práticas ou ações que deram certo em outras gerações e que não acompanham as necessidades dos tempos de hoje.

Os líderes passados criaram essas ações pois eram necessárias para aquele tempo, eram pertinentes para aquele público que viviam situações diferentes das situações de hoje.

Salomão escreve em Eclesiastes 7.10, orientando: “Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Porque nunca com sabedoria isso perguntaria.”

Por tanto, todo líder deve fazer uma leitura do momento dos seus liderados, buscando sempre a melhor forma de trabalhar e discernindo quando deve seguir ou recuar em determinadas ações. Rever planejamentos e estratégias, não é demérito para ninguém, na verdade, são atitudes como essa que separam os grandes líderes dos que se dizem líderes.

Líderes cansados

Essa classe de líderes nos faz ligar o alerta, devido ao seu estado atual de desmotivação ou falta de vigor, arroubo e potência em sua liderança. Esses líderes nem sempre foram assim, já foram mestres na arte de liderar, mas com o mesmo ímpeto que trabalhou por muito tempo, não encontrou forças para encerrar a sua jornada na liderança, ou não conseguiu encontrar uma nova maneira de liderar. O que nos leva a entender que dentro desse grupo, existem dois tipos de situações; o líder que não sabe quando, se precisa ou como encerrar o seu tempo como líder e o líder que não quer parar, porém não contra meios para seguir, pois está preso aos problemas e barreiras.

Para a liderança cansada que quer encerrar, mas ainda não sabe se deve fazer, quando fazer e como fazer, me faz recordar do período em que me peguei pensando sobre isso, onde várias coisas me atingiram direta e indiretamente; por diversas situações e circunstâncias, que afetaram a minha vida conjugal, emocional e profissional. Em conversa com Deus e minha esposa, colocamos tudo na mesa, analisamos as prioridades e entendemos que o que nos ligava a DEUS não era o cargo, mas, a causa. Após pesar essa situação, conversamos com os diretores do departamento, sentimos paz na decisão e vimos os diretores nos apoiando diante dessa decisão em que teria chegado a hora de mudarmos um pouco de direção.

Não é fácil deixar de fazer algo que ama, algo que acredita e que te trouxe tantas realizações, mas a reflexão situacional de nossa vida, nos fazem tomar as melhores atitudes, seja ela diante dos seus liderados, dos seus líderes, sobretudo, diante de nosso DEUS. Elias entendeu que seu tempo estava chegando ao fim, pois tinha um contato singular com DEUS, e ao preparar o seu sucessor (Eliseu), como relata no livro de 2 Reis 2.1-8; reconheceu que tudo o que passou, lutou e viveu, não morreria, pois Eliseu daria continuidade a tudo o que ele iniciou.

Para o líder que não quer parar, mas por diversas situações e circunstâncias, não encontra uma maneira de recomeçar, me faz acreditar que esses líderes são os formadores do grupo de líderes que “não são líderes”; tendo em vista de que como essa classe de líderes não querem sair, ela não forma novos líderes pelos princípios ideais e práticos de liderança.

Em sua nova obra, “O Esgotamento”, Jader Cruz afirma: “A juventude brasileira não precisa de líderes perfeitos, precisa de líderes resilientes” (CRUZ, 2019, p.53); líderes que se adaptam ao tempo, não se deixam abater pelas mudanças de gerações ou de situações, pelo contrário, se renova a cada desafio e utiliza a sua experiência para se reconstruir em novos processos.

O líder que não busca se conhecer, jamais encontrará qual caminho ou decisão tomar para o futuro, pois está perdido em meio a sua falta de vontade de analisar outros métodos de ação. Conhecer os seus limites está implícito ao sujeito que exerce alguma liderança, pois em dado momento ele necessitará entender que precisará recuar.

Conclusão

Após refletir sobre esses perfis de líderes, podemos, naturalmente, encontrar algumas características em nossa liderança, e de fato essa é a intenção; precisamos refletir e analisar todos os dias como está a nossa liderança e apontar os nossos erros e as nossas falhas para mudarmos de direção, caso seja necessário.

Participar de programas de capacitação e eventos voltados a esse viés, ajudam o líder não só a se descobrir, como também a se atualizar a cerca das grandes e eventuais mudanças que rodeiam o mundo dos jovens e adolescentes dessa nova geração.

Livros e vídeos com estudos, conselhos e mentorias sobre liderança, são pratos cheios para líderes sedentos de conhecimento e que buscam se ajustar - e porque não - entender qual caminho tomar sobre suas questões como líder.

Buscar algum mentor para desabafar, relatar ou até mesmo expor algo pessoal, não é só indicado, como também é algo necessário para uma vida sadia e bem ajustada. Lembrem-
se, líderes também sangram, choram e sofrem como qualquer pessoa. Esses mentores são usados como canais de bênçãos e como voz de DEUS por muitas vezes.

Pesquisar métodos, pessoas ou ferramentas para “ajustar” a sua liderança, não é demérito algum, é certo dizer que somos falhos e pequeninos, mas ao entender que não precisamos ser grandes líderes para instruir futuros grandes líderes, conseguiremos transmitir a visão correta sobre o que de fato é liderar pela CAUSA e não pelo CARGO.

Quando recebemos o chamado para liderar, não podemos acreditar que conquistamos algo, essa conquista virá quando conseguirmos transmitir a nossa visão para os nossos liderados e atingirmos a nossa meta ou missão dada por DEUS. Os frutos de um líder podem não ser colhidos enquanto ele ainda lidera, pois, alguns frutos demoram um pouco mais a desenvolver do que outros.













                     
Joe Remilly da Silva
Divisão de Pesquisa e Treinamento do DEJAD/RN
Colaborador de pesquisas da Conferencia Capacitar
IEADERN - Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Rio Grande do Norte

2 comentários:

  1. Excelente reflexão sobre liderança, esse artigo demonstra o quanto é necessário toda liderança conhecer suas limitações, se capacitar e acima de tudo estar constantemente em contato com Deus. Parabéns Joe Remilly da Silva. Deus é contigo.

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...